quinta-feira, 27 de junho de 2013

Últimos dois experimentos e fotos de alguns autores!






A poesia

Para compreender a poesia deve-se conhecer rima, métrica, classificação. Deve-se mastigar as palavras e mudá-las e transformá-las. Deve-se mudar a vida e transformar o mundo num jardim com diversas flores.
Deve-se aproveitar a vida e viver-se feliz.
***
Mário foi tocado pela poesia, partindo de palavras simples e significativas, que podem transformar o ser, porque a poesia é trabalho, é um caminhar contemplativo.
***
Mário Ruoppolo, homem simples, conquistou sua Beatrice com palavras e Metáforas...

(Ana Mota)

  

As mãos do poeta cortam cebola
(Para a São e o Fred)

As mãos do poeta fazem ninho em
meus cabelos.
Sua voz ecoa, cheiro forte, em
meus ouvidos.

As mãos do poeta dizem que
meus dedos
precisam água e vento
que
meus versos
precisam cebolas e alimento.

Os olhos do poeta habitam
minha pele.
Suas pálpebras, janelas, lágrimas
tateiam
minha alma.

A voz do poeta fala línguas
diversas.
Mãos diversas, pupilas, cheiros.
Meus versos precisam
braços
para serem, poeta.

(Naduska Palmeira)

E mais experimentos feitos pelos alunos do primeiro ano de Língua Portuguesa do ISP!

 
Poesia

Contigo aprendi a andar,
contigo aprendi a olhar,
contigo aprendi a sonhar,
contigo aprendi a amar.

Eu, que não te conhecia,
porque a olho nu ninguém te via.
Os sonhos, as paixões, que para mim estavam tão distantes
se revelaram a partir do momento em que tu a mim te mostraste

À minha vida deste sal,
aos meus olhos cegos fizestes ver.
A dor, que outrora me oprimia, já não me faz mal.

O amor eu conheci, na vida eu cresci.
A bela arte de viver aprendi para sobreviver.
Das grades da Caverna me fortaleci.

(João Quéner)


           
Quero ser poeta!
Poeta acima de tudo!
Qual é o segredo?
Segredo não há...

            Como Pablo, comecei
a caminhar à beira-mar
observando o vai e vem
das ondas...

            Que maravilha!
Maravilhosa é a sua
imensidade, que não
consegui compreender...

            Ali andei, andei à
procura duma palavra
com oito letras:
Metáfora!

E foi com a metáfora que
conquistei Beatrice.

(Luisa Inácio)

Lançamento do livlu-nglandji santome-putugêji e meu "discurso"

Na mesa, Naduska Palmeira, Leitora no ISP, Gabriel Antunes, da Universidade de São Paulo, Professor João Pontífice, vice-presidente do ISP, e Tjerk Hagemeijer, da Universidade de Lisboa


É com muita satisfação que lançamos hoje, dia 25 de junho, no ISP, o dicionário livre santome-português / livlu-nglandji santome-putugêji, apoiado pelo Programa de Reforço ao Leitorado Brasileiro. São autores da obra o professor Gabriel Antunes, da USP, e o professor Tjerk Hagemeijer, da UL. Ademais, devemos ressaltar que também são autores todos aqueles que colaboraram com os pesquisadores, enviando suas contribuições, dando entrevistas, discutindo os parâmetros e os paradigmas do dicionário, e todos aqueles que falam, escrevem e escreveram a língua santome.
Para São Tomé, trata-se de um passo imenso para a tão discutida valorização das línguas crioulas faladas nas ilhas – quatro, no total – visto que, desde já, os desejos se fizeram escrita, e esta, como diz o velho ditado latino, permanece. O livro já foi lançado na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 19 de junho, em conjunto com a Associação para os Estudos dos Crioulos de base Portuguesa e Espanhola e da Society for Pidgins and Creole Languages, e será lançado na UNILAB (Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira), no Brasil, em 04 de julho. E, ainda, no dia 12 de julho, será lançado na Feira do Livro de São Tomé e Príncipe, em Lisboa.
Agradeço à Embaixada do Brasil pelo apoio, fundamental na compra de alguns exemplares do dicionário para a distribuição gratuita em STP. Agradeço ao professor Gabriel Antunes, que veio lançar a obra conosco, e com os são-tomenses, os mais interessados no assunto. Estendo os agradecimentos ao professor Tjerk Hagemeijer, pela presença nesta sessão e por todo o trabalho realizado.
Gostaria de aproveitar o momento para dirigir algumas palavras aos senhores, de minha inteira responsabilidade, acerca de minha experiência como leitora neste Instituto, já que me despeço do cargo com este evento. Tenho acompanhado ativamente as discussões que se fazem sobre as línguas em STP. No que diz respeito ao santome, já se vê hoje uma atitude acadêmica e política para valorizá-lo, não deixando assim que ele se transforme apenas em memória longínqua.
Começo aludindo a Eduardo Lourenço, intelectual português:
“Uma língua não tem outro sujeito senão aqueles que a falam, nela se falando. Ninguém é seu “proprietário”, pois ela não é objeto, mas cada falante é seu guardião, podia dizer-se a sua vestal, tão frágil coisa é, na perspectiva do tempo, a misteriosa chama de uma língua.”
Quanto à língua portuguesa, ainda vejo a necessidade de se descrever o português são-tomense, que possui variedades enormes, e que passa por estudos iniciais, na UFRJ, por exemplo, afim de se verificar os fatores que promovem essa variação, associada possivelmente à escolaridade (quanto mais escolaridade, mais lusitanizado, e o contrário, mais são-tomense). Tem havido cada vez mais estudos  acerca dessas variações, todas elas legítimas e que precisam ser  valorizadas como tais. Os esforços têm como finalidade a abolição dos discursos acadêmicos e políticos o mote de que “quem fala o padrão, imposto e não adequado ao país, é a elite”, quando em STP não se fala como em Portugal, pensamento que esconde uma realidade muito dura: quem fala uma variante dialetal desse “português mitificado padrão” é e será sempre subalterno, ocupará sempre espaços de menos prestígio social. O problema é que quem fala essa variante dialetal é a maioria da população do país! É necessário, pois, desmistificar a ideia de que existe qualquer português “padrão” (e o que é o padrão?), pois todos nós, falantes da língua, construímos nossos padrões sobre as bases de nossas necessidades de uso. É importante também ressaltar que a norma é essencial para a manutenção da língua e a fala é fundamental para a sua vitalidade. A gramática normativa é o registro da língua, sedimentado, e deve ser estudado. A fala é que dá à língua a sua vitalidade e mobilidade inerentes. Volto a Lourenço:
“A celebrada alma portuguesa pelo mundo repartida, de camoniana evocação, foi, sobretudo, língua deixada pelo mundo. Por benfazejo acaso, os portugueses, mesmo na sua hora imperial, eram demasiado fracos para “imporem”, em sentido próprio, a sua língua. Que ela seja hoje a fala de uma país-continente como o Brasil e a língua oficial de futuras nações como Angola e Moçambique, que em insólitas paragens onde comerciantes e missionários da grande época puseram os pés, de Goa a Málaca ou a Timor, que a língua portuguesa tenha deixado ecos de sua existência, foi mais benevolência dos deuses e obra do tempo do que resultado de concertada política cultural.”
Como acadêmica e membro deste instituto, posso apenas propor que se debata e se aja mais ainda neste sentido de legitimar a língua do “bom povo são-tomense”, como poetou Manuel Bandeira em “Evocação do Recife” sobre a língua brasileira:

A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada
A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem
Terras que não sabia onde ficavam...

E retomo: é preciso valorizar a língua do povo do sul, do norte, do centro, das roças, pois este mesmo povo, livrando-se do peso de não poder ascender socialmente, porque não fala uma língua de poder, poderá ter sua auto-estima mais elevada e se tornar verdadeiramente independente. Necessária é a apropriação da língua que deverá ser descrita e a consciência das adequações linguísticas aos diversos contextos de comunicação. A fala não pode ser julgada por valores como “inferioridade” ou “superioridade”.
Camões fundamentou uma língua, e nós fizemos brincadeiras com ela, imprimimos modos de falá-la e de formulá-la, até que se tornasse nossa, embora língua sem dono, e língua de todos.
Desfrutemo-la pois, e demos a ela nossos sotaques, nossas variações.

Naduska Palmeira

segunda-feira, 24 de junho de 2013

E mais!


Beatrice Russo

Aqui estou eu no meu quarto escuro.

Aqui estou eu pensando na moça da taberna.

Estive perto, mas só consegui dizer o seu
nome, Beatrice Russo, Beatrice Russo...

Moça linda, cabelos longos.

Dura, dura como uma pedra, mas
solta como o vento.

Pensava, não conseguia, mas com
a ajuda do meu amigo Poeta, fiz
metáforas que conquistaram
seu
coração, amplo, amplo como
o céu.

Tu não és do homem, mas
de deus
que não te deu a ninguém:
somente a mim.

(Adjamila dos Ramos)



Quando a gente quer

Estou cansado de viver
de ser um homem como sou,
neste lugar sem água
não quero permanecer,
não quero entristecer.

O meu pai é cansado
vive dependente do mar.
Com o corpo salgado,
desgastado pelo frio...

E eu, o que hei de fazer?
Já tenho minha idade,
quero viver a liberdade,
descobrir a verdade
com esperança nos olhos
apostando na mudança.

(Inácia da Glória)

domingo, 23 de junho de 2013

Mais dois experimentos!


Para compreender um poema, já dizia
Drummond de Andrade
que a retórica não serve.

Busquei outros poetas para melhor compreender
e descobri o carpe diem.
Mas, o que seria isso?
“Aproveite o dia”, dizia o dicionário.

Na minha análise dos poemas e poetas
encontrei também outra expressão:
“sugar o tutano da vida”.

O problema é que sou tímida
e é difícil sugar o tutano da vida.
Decidi parar.

Mas, no exílio de mim, conheci Neruda
o poeta comunista.
Apaixonei-me por seus poemas e
tive vontade de ser poetisa.
Esqueci-me da timidez.
Esqueci-me da tristeza.
Esqueci-me da culpa.
Escrevi metáforas!

(Marlene José)


Quero fazer a poesia

Quero fazer a poesia
na noite, na rua
no mar, no céu,
quero fazer a poesia.

Procuro uma longa poesia
brilhante. Uma poesia
que e leve a reconhecer
as maravilhas que existem.

Não há vida sem poesia.
Não há alegria sem poesia.
Mas havendo poesia
na vida
há alegria.

(Marlene dos Reis)

sábado, 22 de junho de 2013

Eduardo Lourenço, em acordos e desacordos. É a vida, é o que nos move!


Não pode dizer-se de língua alguma que ela é uma invenção do povo que a fala. O contrário seria mais exato. É ela que o inventa. A língua portuguesa é menos a língua que os portugueses falam do que a voz que fala os portugueses. Enquanto realidade presente ela é ao mesmo tempo histórica, contingente, herdada, em permanente transformação e trans-história, praticamente intemporal. Se a escutássemos bem, ouviríamos nela os rumores originários da longínqua fonte sânscrita, os mais próximos da Grécia e os familiares de Roma. Juntemos-lhe algumas vozes bárbaras  das muitas que assolaram a antiga Lusitânia romanizada, uns pós de arábica língua, que espanta não tenham sido mais densos, e teremos o que chamamos, com apaixonada expressão, “o tesouro do luso”.
Na nossa Idade Média, o estatuto da língua era, como o das outras falas cristãs, um “falar” sem transcendência particular. Com o Renascimento, abertura sobre o universal segundo o modelo greco-latino, os “falares” europeus tornam-se paradoxalmente “línguas”. E cada língua signo privilegiado da identidade. Nascem os discursos hagiográficos da língua nacional, da bela língua italiana para Bembo, da altiva fala castelhana para Nebrija, da clara língua francesa para Du Bellay, da nossa nobre e suave língua portuguesa, a de Fernão de Oveira, de Barros, de António Ferreira, que a convertem em objeto de culto e orgulho. Diz-me que língua falas, dir-te-ei o estatuto que tens. Nenhum destes endeusamentos ou apologia da dignidade das línguas nacionais é inocente. Fazem parte do processo histórico em que culmina o sentimento nacional. Descobre-se que a língua não é um instrumento neutro, um fator contingente de comunicação entre os homens, mas a expressão de sua diferença. Mais do que um patrimônio, a língua é uma “pátria”. Ainda vem longe o tempo em que para cada uma das línguas dominantes da cultura européia se torne também claro que uma língua não é um dom do céu, prometido à vida eterna, mas um tesouro que deve ser defendido da usura do tempo e das pretensões das outras a ocupar os espaços sem defesa.
A língua é uma manifestação da vida e como ela em perpétua metamorfose. Não há expressão mais melancólica do que a tão comum e tão pouco meditada de “língua morta” nem maravilha maior do que a sua ocasional ressurreição. Como o universo, uma língua viva deve estar em perpétua expansão, ao menos no seu espaço interior, sob pena de se tornar, ainda em vida, “língua morta”. Essa vitalidade não é de mera ordem voluntarista ou do ritualismo conservador de academias ou profissionais das nobres ciências da gramática ou da filologia. É sobretudo obra dos que a trabalham ou a sonham como exploradores de um continente desconhecido: romancistas, dramaturgos, sobretudo poetas, que não são apenas os que assim se chamam, mas todos os que na cotidiana vida se inventam sem cessar as expressões de que precisam para não perderem do tempo que passa, do mundo que se renova e transfigura.
(...)
A celebrada alma portuguesa pelo mundo repartida, de camoniana evocação, foi, sobretudo, língua deixada pelo mundo. Por benfazejo acaso, os portugueses, mesmo na sua hora imperial, eram demasiado fracos para “imporem”, em sentido próprio, a sua língua. Que ela seja hoje a fala de uma país-continente como o Brasil e a língua oficial de futuras nações como Angola e Moçambique, que em insólitas paragens onde comerciantes e missionários da grande época puseram os pés, de Goa a Málaca ou a Timor, que a língua portuguesa tenha deixado ecos de sua existência, foi mais benevolência dos deuses e obra do tempo do que resultado de concertada política cultural. Sob essa forma, um tal projeto seria mesmo anacrônico. Nenhum autor português, nem nenhum estrangeiro, escreveu acerca de nossa ação uma obra como “a conquista espiritual do México”, pois não tivemos nenhum México para conquistar e hispanizar. O derramamento, a expansão, a crioulização da nossa língua foram, tal como as nossas “conquistas”, obra intermitente de ganância (da terra e do céu), mais do que premeditada “lusitanização” como nós imaginamos – porventura enganados – que terá sido a romanização do mundo antigo ou a francização e anglicização dos impérios Frances e britânico. Quiseram também as circunstâncias – na sua origem pouco recomendáveis – que a nossa língua européia, em contato com a africana escrava, se adoçasse, mais do que já é na sua versão caseira, para se tomar esse ritmo aberto e sensual, indolente, do português do Brasil ou o tom nostálgico de Cabo Verde.
A miragem imperial dissolveu-se há muito. Da nossa presença no mundo só a língua do velho recanto galaico-português ficou como elo essencial entre nós, como povo e como cultura, e as novas nações que do Brasil a Moçambique se falam e mutuamente se compreendem entre as demais. Uma língua não tem outro sujeito senão aqueles que a falam, nela se falando. Ninguém é seu “proprietário”, pois ela não é objeto, mas cada falante é seu guardião, podia dizer-se a sua vestal, tão frágil coisa é, na perspectiva do tempo, a misteriosa chama de uma língua. (...) Houve épocas de depressiva configuração em que não era possível pensar no futuro da nossa plural e una fala portuguesa sem alguma melancolia. Hoje não temos motivos para imaginar que, em prazo humanamente concebível, o seu destino seja o dos famosos versos da “Tabacaria”, de que o tempo apagará o traço e a memória. A pluralizada língua portuguesa tem o seu lugar entre as mais falados do mundo. Isso não basta para que retiremos dessa constatação empírica um contentamento, no fundo, sem substância. Se contentamento é permitido, só pode ser o que resulta do imaginar que esse amplo manto de uma língua comum, referente de culturas afins ou diversas, é, apesar ou por causa da sua variedade, aquele espaço ideal onde se comunicam e se reconhecem na sua particularidade partilhada todos quantos os acasos da história aproximou. Não seria pequeno milagre num mundo que sonha com a unidade sem alcançar outra coisa senão o seu doloroso simulacro.

(LOURENÇO, Eduardo. “A chama plural”. In: A nau de Ícaro e Imagem e miragem da lusofonia. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. pp.120-4)

Experimentos 3


A Mário Ruoppolo

I
Alma sensível
Olhos que não viam
Alma sensível
Olhos que começam a ver

II
Alma sensível
Tens o poeta como herói
És herói como poeta.
Amas e vês que dói
Se na conquista
Precisares de um poeta
e de seu poema.

III
Alma sensível
Olhos que viram
Mãos que escreveram
a beleza da Itália
a grandeza de tua ilha.

IV
Alma sensível
Olhos que viram
Coração que amou.
Do amor nasceu
Pablito, que não conheceu.
És o valente pai que morreu.

V
Alma sensível
que com as tristes redes
trabalhava.
Ao lado do pai com quem morava
Na ilha de humildes
Humildes com
Almas sensíveis.

(Jessica Bandeira)

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Mais experimentos...


O poeta

Para ser poeta
é preciso andar pelo mar,
olhar ao redor,
ter imaginação e trabalhar.
            Para ser poeta
            é preciso ter gosto,
            oportunidade, dom,
            acreditar que é capaz.
Para ser poeta
é preciso ter novo olhar
criar o seu próprio mundo
a partir do mundo que te foi dado.
            Para ser poeta
            É preciso estar inspirado
            para acordar as palavras ador-
            -mecidas.

(Maria Fernanda Bastos)



Desejo ser poeta

Quis ser poeta
mas não soube por onde começar
Procurei Pablo Neruda
Perguntei-lhe – Como é ser poeta?

Tive respostas, mas não consegui ainda.
Usei a poesia de Neruda
para exprimir a minha
paixão por Beatrice.

Pensei, imaginei, andei
perto do mar, fechei os olhos
busquei as palavras no meu interior
e surgiu a poesia.

(Admizia d’Assunção)

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Experimentos poéticos

Durante as aulas no primeiro ano de língua portuguesa, trabalhei, em conjunto com a professora Joana Castaño, com filmes que falam de poesia, literatura. Fizemos sessões no CLP e, dessas sessões, os alunos experimentaram um pouco a sensação do fazer o poético. Até eu escrevi um poeminha! Faço questão de divulgar aqui dois poeminhas por dia:

 
Sabes o que é?

As palavras mudam.
Quem as procurava
Vivia na solidão
sem as conhecer.
Estavam inéditas
Pronunciava-se
Sem saber o que eram.
            Quando despertei
            Comecei a analisá-las.
            Elas descrevem a cultura
            descrevem a identidade
            descrevem a realidade.
Descobri a vida nas palavras
fiz delas minha vida.
A minha identidade está nelas.
            Com a palavra
            amo, critico, me aproximo, medito
            falo, leio, conquisto, anuncio e denuncio.
            Com ela faço tudo
            não só na vida
            como também na morte.
            Mas o que é esta palavra?
            Esta palavra é a metáfora.

(Inácia da Glória)



Hoje, pela primeira vez
deparei-me com algo da natureza
e isso foi através
dos meus óculos de pobreza.

Foi o brilho de uma estrela
que me elucidou para as coisas mundanas.
Foi através da janela que vi aquela bela
e quente fortaleza, que me faz lembrar das coisas humanas.

O verde é o sinal do exuberante
e do abundante, locais para lazer
no passado. Hoje, nem o luxuriante
vegetal nos dá esse prazer.

Quem me dera estar perante
um mar azul, coqueiros abanando as ancas,
um sol escaldante
numa praia de areias brancas.

(Guilherme Marques)

domingo, 16 de junho de 2013

/áfricanossa/

Não deixem de conferir!

https://www.facebook.com/naduska.palmeira/posts/618555871497549?notif_t=share_wall_create



Dicionário livre santome-português/Livlu-nglandji santome-putugêji

É com satisfação que anunciamos a publicação do 
Dicionário livre santome-português/Livlu-nglandji santome-putugêji
Gabriel Antunes de Araujo (Universidade de São Paulo/CNPq) e Tjerk Hagemeijer (Universidade de Lisboa)
Editora Hedra Educação, 176 p. ISBN: 978-85-7715-322-0.

O Dicionário livre santome-português/Livlu-nglandji santome-putugêji vem preencher uma lacuna na descrição e normalização do santome, a língua crioula mais falada na República Democrática de São Tomé e Príncipe. Com mais de 8500 entradas, acompanhadas de  transcrição fonética, categoria de palavra, equivalência em português e nomes científicos de flora e fauna, trata-se de uma obra fundamental para falantes nativos, estudiosos e interessados nas línguas crioulas em geral.

Calendário de lançamentos:

19/06, 19h - Anfiteatro III da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (http://www.clul.ul.pt/pt)
25/06 - Auditório do Instituto Superior Politécnico em São Tomé e Príncipe
04/07, 16h - Auditório da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), Campus da Liberdade, Ceará (http://www.unilab.edu.br/)
06/07 -  local a ser anunciado - Evento voltado à comunidade são-tomense em Lisboa
07/08, 14h -Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, sala 266 do Prédio de Letras (http://www.fflch.usp.br)


Imagem inline 1


Entre em contato com dic.santome@gmail.com e saiba como adquirir o seu exemplar.

(Lamentamos enormemente envios múltiplos dessa mensagem.)

Atenciosamente, 

Gabriel Araujo
Tjerk Hagemeijer